sábado, 28 de novembro de 2015

1 ano em T

Faz hoje exatamente um ano desde que iniciei a terapia hormonal com testosterona. Para comemorar a data, fica aqui um apanhado das mudanças ao longo do ano, assim como algumas fotos dos progressos:

1 mês: aumento de energia, apetite e garganta arranhada
3 meses: alguma penugem corporal começa a surgir, as pessoas começam a apontar algumas alterações na voz e a perguntar-me se comecei a frequentar algum ginásio
4 meses: a voz está claramente diferente
5 meses: primeiros sinais de penugem facial minimamente visível; acne demasiadamente visível
== interrupção nos updates porque nada de especial acontecia e o entusiasmo da mastectomia tomou posse do blog ==
10 meses: mais pêlo corporal e facial. Tenho de passar a lâmina na cara pelo menos uma vez por semana para evitar que o pseudo-bigode/barba se torne embaraçosamente visível. A voz volta a ter outra queda.
12 meses: mais pêlo corporal, mais pêlo facial. Se deixar uma semana inteira passar sem passar uma lâmina pela cara o pêlo começa a ser visível (mas não o suficiente para ser uma barba minimamente respeitável). O acne continua a chatear, principalmente no pescoço e ombros. A estrutura corporal em geral está notoriamente diferente. Já consigo olhar-me num espelho e sentir-me em casa.

Se quiserem ver imagens, cliquem em "Ver mais". Um aviso: algumas imagens contêm semi-nudez; não censurei as fotos em que o meu peito se vê (pré-mastectomia). Portanto, boobs. 


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

99 dias post-op + de volta à posologia original

Mais uma consulta de endocrinologia, mais uma mudança na dose. Pelos vistos os meus níveis de testosterona estavam acima do suposto, pelo que vou voltar à posologia de fazer uma injeção a cada 4 semanas. De resto, pareço estar bem de saúde. O meu colesterol, que tinha disparado da última vez que fiz análises, baixou (para baixo do valor que tinha antes de começar a terapia hormonal), tudo o resto está dentro da normalidade.

E só porque hoje estou 99 dias post-op (3 meses + 1 semana), ficam mais algumas fotos do aspeto do meu peito (cliquem em "Ler Mais").


segunda-feira, 5 de outubro de 2015

10 meses em T

Finalmente de volta aos updates da terapia hormonal! O último que fiz foi já há 5 meses atrás, nem tinha noção que tinha passado tanto tempo. 

No entanto, isso justifica-se parcialmente por um motivo simples: as novidades não são assim tão entusiasmantes (ainda por cima em comparação com os desenvolvimentos da mastectomia).

Nos últimos meses, basicamente, tem-me aparecido mais pêlo. Já tenho um pequeno "carreirinho" pelo tronco fora, para cima e para baixo do umbigo. Ainda é leve, mas cada vez mais visível. Nas coxas e na parte de trás das pernas também me tem surgido uma penugem mais visível.

Na cara, tenho de tirar os pêlos por cima do lábio pelo menos uma vez por semana, caso contrário começa a ficar demasiado estranho. Os pêlos que, há uns meses atrás, eram invisíveis começam agora a fazer-se ver, principalmente por cima do lábio e no queixo. 

Comparação mal-amanhada do pêlo facial. 
Esquerda: 2 meses em T, mais de um mês sem retirar o pêlo.
Direita: 10 meses em T, cerca de 2 semanas sem tirar o pêlo.

Além disso, voltei a ter outra "queda" na voz. Mais uma vez só me apercebi disso devido às reações das pessoas à minha volta, que durante um tempo apontaram o quão diferente a minha voz soava em relação à semana anterior. 

O acne parece ter melhorado um bocado. Não sei se será dos produtos de limpeza que voltei a usar ou se o fator hormonal já está a acalmar. 

domingo, 6 de setembro de 2015

Mastectomia: revisão em breve?

Voltei a ter consulta com a cirurgiã há alguns dias atrás. Tendo em conta a evolução (negativa) da cicatriz do lado direito, propôs-me fazer uma revisão da mesma. A ideia é retirar a pele onde a cicatriz está, voltar a coser (desta vez com uma linha totalmente inerte, sem possibilidade de reagir da mesma forma que reagiu da primeira vez) e, passados 15 dias, tirar a sutura. Desta forma devo ficar com ambas as cicatrizes finas (o procedimento seria feito dos dois lados de forma a conservar a simetria) e livrar-me do problema dos pontos "absorvíveis" que não foram absorvidos coisa nenhuma e de vez em quando ainda me abrem a cicatriz em alguns sítios...

Foi realmente um azar isto ter corrido desta forma. Vou anotar o tipo de linha que foi usado para que, no futuro, possa ter essa informação e não voltarem a suturar-me com esse material. 

Mas vendo pelo lado positivo da coisa: esta revisão é um procedimento simples e rápido, feito em regime ambulatório e, provavelmente, não será necessária outra anestesia geral. Além disso, já ia ter de ir à faca outra vez por causa dos mamilos (para os re-dimensionar, como tinha sido discutido entre mim e a cirurgiã antes da cirurgia propriamente dita), portanto não é algo que vá alterar muito os meus planos.

Entretanto, já tenho luz verde para retomar o exercício físico. Já voltei a correr. Sem binders, sem soutiens de desporto apertados, sem nada dessa tralha, foi uma experiência um bocado... surreal? Não consigo bem descrever. Foi um daqueles momentos pelo qual esperei durante anos. Sempre que corria dizia mal da minha vida por causa das mamas, mas já estava tão habituado a ter de lidar com isso que me foi um bocado alienígena (no bom sentido) não as sentir durante os primeiros minutos da corrida. 

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

8 semanas post-op

Ao longo das últimas semanas tenho sentido melhorias enormes em vários sentidos. Já recuperei quase toda a mobilidade com os braços, já consigo estica-los para cima, rodar o tronco, dobrar-me, tudo isso sem grandes problemas. Durante a semana passada houve um local na cicatriz do lado direito que voltou a abrir, mas tirando isso a reação aos pontos parece ter acalmado.

Um bocado contra a vontade de alguns familiares, fui acampar na semana passada. Tinha imenso medo de acontecer alguma coisa, de atrapalhar a recuperação ou de apanhar alguma infeção (porque, por muita atenção que uma pessoa tenha à higiene, é sempre impossível evitar a poeira e a bicharada dentro de uma tenda e estando a "cama" tão perto do chão da mesma), mas tudo correu bem. Agora estou a apreciar o regresso da autonomia para poder sair de casa sem estar sempre com tanto medo, tão dependente de boleias e a ter de evitar autocarros.

Tenho massajado e colocado creme nivea nas cicatrizes 2 vezes por dia.

Cliquem em "Ver mais" caso queiram ver fotos.


quinta-feira, 6 de agosto de 2015

1 mês post-op

Hoje fiz uma visita ao hospital para ver o que se passava com a cicatriz do lado direito, num local onde a ferida teimava em não fechar há vários dias. A enfermeira disse que ainda era o meu corpo a fazer reação aos pontos, e detetou outro local onde, apesar de já estar fechado, estava a acumular pus. Isto está a abrandar a cicatrização e começo a temer que vá deixar sequelas no aspeto final do meu peito (o aspeto das cicatrizes já começa a ficar notoriamente assimétrico à custa dos contratempos no lado direito...). Curiosamente, no lado esquerdo parece não haver qualquer reação adversa aos pontos. 

Conclusão: vou ter de voltar à rotina de ir a uma consulta de enfermagem duas vezes por semana - pensava que já me tinha livrado disso - para ir vigiando a evolução da cicatriz. Por agora também tenho de parar o tratamento com o creme cicatrizante, pelo menos até voltar tudo a fechar direitinho.

Tentando concentrar-me agora nos pontos positivos: já consigo dormir de lado, com cuidado, e já consegui tomar um duche a sério. Também já não sinto que o meu peito se vai desfazer todo quando me movimento; ainda não recuperei a mobilidade toda, mas durante a última semana tenho sentido melhorias consideráveis.

sábado, 1 de agosto de 2015

25 dias post op

Ontem livrei-me definitivamente dos pensos. Tanto a enfermeira como o médico que me atendeu (a Drª Augusta não estava no hospital naquele dia, mas fui visto por outro cirurgião plástico) consideraram que já não era preciso continuar com os pensos. As incisões já estavam fechadas e o adesivo já estava a ser demasiado agressivo para a pele, portanto por esta altura os pensos já estavam a fazer mais mal do que bem.

Tive de tirar mais um ponto rejeitado, desta vez do lado esquerdo, mas tirando isso não havia mais nada a tratar. O médico receitou-me um creme (Cicactive P.I.) para aplicar nas cicatrizes durante 15 dias, 2 vezes por dia, e disse-me que deveria usar o colete de compressão durante um mês e meio após a data da cirurgia (o mesmo que a Drª Augusta já me tinha dito).

Se quiserem ver fotos dos resultados (do peito já sem pensos), cliquem abaixo em "ver mais". Tenham em mente que essas fotos podem ser um bocado desagradáveis para algumas pessoas, as cicatrizes ainda estão muito visíveis e o peito ainda está nos estados iniciais da recuperação.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

3 semanas post-op

Só para fazer um update sobre o problema que estava a ter com os pontos. Aparentemente, o que me aconteceu pode não ter sido alergia, mas apenas alguma reação em alguns dos pontos. Quando fui trocar os pensos no início desta semana não detetaram mais nenhum problema além de um local onde a cicatrização estava a ocorrer de forma mais lenta (devido à acumulação de tecido "morto" que foi retirado).

Por esta altura já não deveria estar a usar pensos, mas o enfermeiro entendeu que era melhor continuar durante, pelo menos, mais uma semana por causa destes pequenos contratempos que preveniram que as cicatrizes fechassem por completo. A minha pele tem sofrido à custa disso, o adesivo dos pensos já começa a queimar um bocado a pele (e a provocar comichões danadas), mas para já tem de ser.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

16 dias post-op e alergias qb

Voltei hoje a ter consulta com a médica para trocar os pensos e ver se estava tudo a correr bem. Aparentemente, o meu corpo está a rejeitar os pontos em vez de os reabsorver, o que está a dificultar o processo de cicatrização. No entanto, tal parece ter acontecido apenas em 3 pontos onde a médica tinha feito um reforço da sutura. Esses 3 pontos tiveram de ser removidos, foi doloroso. Pelo menos o inchaço do lado esquerdo parece ter diminuído consideravelmente e não foi preciso drenar mais nada.

Já começo a ficar com um trauma daquela sala de enfermagem, sempre que vou lá apanho uma surpresa desagradável qualquer. 

Estou com esperança que o meu corpo não rejeite mais pontos daquela forma. O resto das cicatrizes (tanto na zona do peitoral como dos mamilos) parece estar bem. De qualquer maneira, volto lá na próxima semana... wish me luck!

Entretanto, fica aqui uma foto do estado atual do meu peito, ainda com os pensos:
(não estava a usar o colete de compressão porque tinha acabado de tomar banho, mas ainda continuo a usa-lo durante o resto do dia)

15 dias post-op

segunda-feira, 20 de julho de 2015

13 dias post-op

Hoje fui tratar dos pensos outra vez e tive outra oportunidade de espreitar para o meu peito. O inchaço do lado esquerdo diminuiu consideravelmente e já não foi necessário retirar nenhum fluído de lá. As cicatrizes estão limpinhas e os mamilos com boa cor (palavras da enfermeira). Do lado direito já consegui distinguir mais ou menos os locais onda a enfermeira ia mexendo e já consegui distinguir quando é que ela estava a tocar em pele ou no mamilo. Do lado esquerdo a sensibilidade ainda está como estava antes, quase inexistente. 

Desde há cerca de 2 dias que tenho sentido comichão no peito, o que eu suponho que seja bom sinal, por muito desagradável que seja. Não posso ir lá coçar, portanto tenho de aguentar e tentar distrair-me. 

Entretanto, coisas que fui aprendendo:
  • pelos vistos não vai ser preciso tirar os pontos, porque o tipo de sutura que me fizeram não costuma exigir tal coisa. Fizeram-me pontos intradérmicos, o que significa que a sutura foi feita dentro da pele e os pontos não são visíveis cá fora. Provavelmente são também absorvíveis, mas não tenho a certeza, mas na próxima consulta com a médica espero esclarecer isso.
  • se vir os pensos a deitar um líquido ligeiramente amarelado ou esverdeado, não é preciso entrar em pânico. Isso aconteceu-me em duas ocasiões e não se passava nada.
  • ao dormir de barriga para cima, meter uma almoçada debaixo dos joelhos alivia imenso o desconforto.
  • ter força nos abdominais tem sido das coisas que mais adoro no meu corpo nos últimos dias. Com os braços fragilizados, quase tudo o que é mudança de posição, sentar, levantar, etc tem de ser feito com os músculos das pernas e dos abdominais.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

9 dias post-op

Hoje fui ao hospital para tratar dos pensos e para a médica ver se estava tudo a correr bem. O lado direito do peito está ótimo, a recuperar como devia sem qualquer problema. O lado esquerdo é que ainda se está a ressentir da complicação com o dreno entupido: está mais inchado e foi preciso retirar fluído. Ainda saiu uma quantidade considerável de fluído, mas depois as melhorias no aspeto foram óbvias. Foi um bocado estranho, mas agradável, ver a médica a enfiar uma agulha no peito e não sentir rigorosamente nada. Se a sensibilidade regressasse rapidamente acho que isto teria sido bastante desagradável. 

Já retirei definitivamente os pensos que estavam a tapar os locais onde os drenos saíam (debaixo das axilas), o que é bom porque agora já posso limpar essa área (9 dias sem lavar os sovacos, em julho. eewww) e já consigo andar com os braços encostados ao corpo. Por esta altura cá em casa já gozavam comigo porque eu parecia um gorila a andar, com os braços sempre semi-abertos. 

Na próxima semana volto lá para fazer outro check-up e voltar a mudar os pensos. Entretanto vou a outro hospital mais perto de casa para mudar os pensos na próxima 2ª feira (estar a ir até à Arrábida duas vezes por semana consome-me demasiado tempo).

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Mastectomia: do pré-op aos 6 dias post-op

Lembram-se dos meus últimos posts em que falei sobre me terem rejeitado o acesso à mastectomia? Entretanto, fui chatear os médicos e psicólogos todos envolvidos no meu processo de transição para reunir a papelada toda que precisava para poder iniciar as cirurgias, fui vendo que opções tinha e como andar com as burocracias para a frente.

Não mencionei nenhuma das coisas que fui fazendo porque não queria estar a entusiasmar-me demasiado (como fiz da primeira vez) e depois ser de novo rejeitado e voltar a sofrer a queda emocional que sofri. Decidi celebrar apenas quando saísse do bloco operatório, o que foi há 6 dias atrás. Neste momento já me sinto bem ao ponto de conseguir estar em frente do PC a escrever e ler sem desconforto, portanto vou tentar documentar o que se passou nos últimos tempos.

Fiz a cirurgia no Hospital da Arrábida com a Drª Augusta Cardoso. Optei por esta cirurgiã porque já tinha ouvido boas referências dela, sabia que já tinha feito mastectomias a homens trans e durante as consultas pareceu-me ser bastante profissional. 

Paguei cerca de €860, com ADSE. Este valor incluiu: honorários dos médicos, material para a cirurgia, exames anatomo-patológicos dos tecidos, 3 dias de internamento num quarto individual, sendo que em 2 dos dias tive acompanhante. 

Na altura da cirurgia estava em T há cerca de 7 meses e não tive de interromper a terapia hormonal para a cirurgia.

Pré-op
Durante as consultas com a cirurgiã, falamos sobre a técnicas que ela usava e que técnica é que resultava melhor comigo. Foram-me dadas várias opções, mas o melhor (na opinião da médica, com a qual concordei) no meu caso foi fazer aquilo que em inglês chamam de "double incision mastectomy" - não sei que nome lhe dão em português além de apenas "mastectomia bilateral". Este tipo de cirurgia permitiu retirar o excesso de pele que tinha e reduzir o tamanho dos mamilos e das auréolas. O único senão é o facto de me deixar com duas cicatrizes debaixo do peito (uma de cada lado, na linha do músculo do peitoral) e de ficar sem sensação nos mamilos (provavelmente de forma permanente). Nenhum destes problemas me preocupava demasiado uma vez que eu próprio já me tinha mentalizado que tal ia acontecer, que o tamanho das minhas mamas não me permitiria fazer outras técnicas que deixam menos cicatrizes. 

Um resumo básico sobre a técnica pode ser visto na seguinte imagem:
fonte: http://www.topsurgery.net/procedures/double-incision-top-surgery.htm

Entretanto, tive de fazer um ECG e análises para verificar que estava tudo bem. E, estando tudo bem, marcou-se a cirurgia.


Dia zero
No dia anterior ao da cirurgia deram-me indicações para não comer nem beber nada a partir das 8h do dia da cirurgia. Não comer nada foi relativamente fácil, a parte de não poder beber (nem água) é que a certo ponto me estava a deixar doido, mas lá deu para aguentar. Dei entrada no hospital pelas 13h, tratei da papelada toda, fiz um pagamento provisório e levaram-me para o quarto onde ia ficar internado durante 2 noites. 

A certa altura entrou um homem para depilar as zonas afetadas pela cirurgia (as axilas e o peito, não que tivesse grande coisa no peito, mas pronto) e depois uma enfermeira para me pesar, medir a tensão arterial e fazer uma série de perguntas sobre o estado da minha saúde. 

Pouco antes das 16h fui, finalmente, para o andar do bloco operatório. Antes da cirurgia colocaram-me o catéter na mão e ainda passei algum tempo com a cirurgiã para ela desenhar na minha pele o que eu suponho que fossem as linhas para as incições. Enquanto desenhava ia-me perguntando sobre as minhas preferências em relação à colocação e forma das cicatrizes (eu preferia tê-las o mais retas possível) e ao tamanho e localização dos mamilos. Quando acabou de desenhar, fui então levado para o bloco operatório. 

A próxima coisa de que me lembro foi de estar a acordar no recobro. Tenho uma memória bastante vívida de estar a tentar ler as horas num relógio e de não conseguir fixar a posição dos ponteiros. Não sei porquê, mas passei a maior parte do tempo de recobro a obcecar com as horas (a minha mente estava bastante enevoada e o relógio era das poucas coisas dentro do meu ângulo de visão, deve ter sido por isso). Entretanto fui levado de volta ao quarto do internamento. 

Não me recordo bem do que se passou durante o resto desse dia. Lembro-me da minha mãe comentar várias vezes que eu estava bastante pálido e de receber ordens de um enfermeiro para beber água em poucas quantidades e lentamente. Também me lembro de beber um chá e comer algumas bolachas - eu nem sequer gosto de chá, mas por aquela altura estava pedrado da anestesia e ainda não tinha comido nem bebido nada desde as 8h da manhã. 

1 dia post-op
Passei este dia entre estar acordado e a dormir. Era acordado quando tinha de tomar alguma medicação ou comer, ainda tentei ver alguma televisão mas não me conseguia focar nos programas. Tentei jogar alguma coisa ou ler (tinha trazido um tablet carregado de séries, ebooks e emuladores de consolas) mas desisti porque não conseguia mesmo focar-me bem no que quer que fosse. Tinha lá a minha mãe a fazer-me companhia, portanto não morri de aborrecimento. 
Também não ajudava nada o facto de mal me conseguir mexer. Tinha um dreno a sair debaixo de cada axila e cada movimento que fazia sentia os drenos a puxar-me a pele e a provocar dor. Aprendi rapidamente a ficar quietinho para evitar o desconforto extremo que os drenos me causavam. Não conseguia comer, urinar, sentar-me nem alcançar objetos que se encontrassem a mais de 5cm de mim sem ajuda. Esticar os braços estava fora de questão e qualquer movimento que exigisse que movesse as axilas em qualquer eixo (dentro-fora, cima-baixo, etc) era bastante doloroso. Os meus braços eram, basicamente, dois pedaços de esparguete mole, sem qualquer força ou utilidade. Qualquer movimento que fizesse tinha de usar os músculos dos abdominais e das pernas porque tudo o resto estava inutilizável. 

Por essa altura, além dos drenos tinha as incições todas cobertas por pensos. Dei conta que o lado esquerdo do meu peito estava bem mais inchado que o direito, mas o que os enfermeiros me foram dizendo é que era normal, que ainda estava tudo a drenar e que por vezes um lado drenava mais rapidamente que o outro. Também iam dizendo que um dos meus drenos (do lado esquerdo, go figure) já não estava a drenar quase nada, que as garrafas que recolhiam o sangue não estavam a encher rapidamente e que isso era um bom sinal. Mas não era.

No final desse dia a Drª Augusta foi visitar-me ao quarto, em teoria seria apenas para tratar dos pensos, mas quase de imediato ela detetou que o dreno do lado esquerdo estava entupido. O que se seguiu foi cerca de uma hora (ou mais, ou menos, a certa altura perdi a noção do tempo) em que a médica e uma enfermeira tentaram resolver o problema. Não cheguei a entender bem se o dreno entupido causou coágulos ou se era um coágulo pré-existente que entupiu o dreno; sei que havia coágulos e um dreno entupido e que isso era um problema. Não sei bem o que é que a médica e a enfermeira fizeram (porque estava a olhar para longe do local e a tentar pensar em inglaterra), mas pela conversa sei que envolveu abrir a sutura, inserir sondas por lá, aspirar sangue, drenar manualmente com seringas e provavelmente outras coisas de que não me recordo de momento mas que foram extremamente desagradáveis e dolorosas. Lá para o meio disto tudo decidiram dar-me uma anestesia local, o que melhorou bastante a coisa, mas mesmo assim foi um pequeno pesadelo. Depois de resolverem o problema, a médica considerou que era melhor vestir um colete de compressão (em tudo igual aos binders que usava antes da cirurgia, mas com colchetes à frente para ser mais fácil vesti-lo). A compressão deve ajudar na drenagem dos fluídos e facilitar a aderência da pele aos tecidos moles. Eu achava que a compressão ia tornar tudo ainda mais desagradável, mas na verdade até ajudou bastante, fez-me sentir mais seguro e menos "desfeito" sempre que me movia. No final, foi-me dada uma injeção de petidina, o que foi ótimo tanto para as dores como para conseguir dormir.

2 dias post-op
Eu deveria ter tido alta neste dia, mas depois do episódio do dia anterior tive de ficar lá mais uma noite. Durante este dia não aconteceu nada de especial - o desconforto com os drenos continuava, ainda me sentia bastante relutante em mexer-me e estava dependente de terceiros para fazer o que quer que fosse. Já conseguia sair da cama (com ajuda) e passear um bocado pelo quarto (embora tivesse de o fazer a segurar as garrafas dos drenos nas mãos, o que me dava um ar um bocado arrepiante), portanto sentia que estava a fazer progressos. Estava bastante paranóico com os drenos e estava regularmente a chamar um enfermeiro para verificar se ambos estavam mesmo a drenar direitinho e se o meu peito não tinha nenhum inchaço suspeito (o dreno do lado esquerdo, o que entupiu e tinha apenas "resíduos" de sangue no primeiro dia, naquela altura tinha enchido até aos 130mL num dia e mais uns 10mL no seguinte). Felizmente, não voltei a ter mais nenhuma complicação enquanto lá estive.

Foi a partir deste dia que comecei a sentir dores de costas que me impediam de adormecer direito. Penso que seja da posição (nunca dormi de barriga para cima, mas nesta situação é a única opção que tenho) e da inércia. 

3 dias post-op
Neste dia consegui, finalmente, comer uma refeição autonomamente. Já tinha mais alguma mobilidade nos braços (desde que não tivesse de fazer força), o suficiente para conseguir manusear os talheres sem sentir dor nem demasiado desconforto. Também já conseguia andar (lentamente) sozinho, só precisava de ajuda para sair da cama por causa dos drenos. 

Pouco depois do almoço a Drª Augusta foi verificar os drenos e considerou que já não eram necessários. Ainda andou a espremer-me o peito para ver se saiam mais fluídos, mas pelos vistos já não saía quase nada (e o meu peito não se encontrava demasiado inchado). Eu pensei que tirar os drenos fosse doer, mas não doeu absolutamente nada. Foi um bocado desconfortável sentir o meu peito a ser mexido, mas foi muito mais agradável do que eu pensava que ia ser. A grande parte das minhas dores e desconforto vinham dos drenos (eu acho que nem senti nada vindo das cicatrizes da cirurgia propriamente dita), portanto foi um alívio enormíssimo encontrar-me sem os malditos drenos. Eu nem sequer estou a exagerar quando digo que me senti muito melhor instantaneamente após a retirada dos drenos. A sensação que tive foi a de que conseguia correr e saltar - obviamente não conseguia, mas sentia-me como se tal fosse verdade.

Já sem os drenos, foi-me dada alta do hospital. Recebi indicações para não fazer esforços, nada de exercício físico durante os primeiros tempos, não molhar diretamente os pensos durante o banho, estar atento a qualquer inchaço no peito e levar tudo com calma. Foi-me receitado um analgésico e um anti-inflamatório e segui para casa. 

Já em casa, durante esse dia, fiquei deitado na cama a ver TV. Tinha bastante mais mobilidade nos braços (devido à ausência dos drenos) e fui começando a tentar fazer movimentos mais variados. Já conseguia esticar melhor o braço, comer sem grandes problemas e levantar-me da cama sem ajuda. 

4 dias post-op
Acordar em casa, depois dos últimos dias, soube-me imensamente bem. Ter uma TV com um comando da meo também - pus-me a fazer maratonas de algumas séries que gostava, já que não havia muito mais que pudesse fazer. Ao longo do dia ia-me levantando e tentava mexer os braços para deixar de me sentir tão encravado e preso nas mesmas posições. Descobri que conseguia fazer muitos mais movimentos que no dia anterior, o que foi ótimo. Neste dia já comi as refeições à mesa e tomei um banho (com esponjas). Já me comecei a sentir como um ser humano minimamente funcional. 

5 dias post-op
Recebi uma visita de uma tia minha que é médica, e que reparou que um dos pensos estava um bocado amarelado. Eu tinha marcada um tratamento dos pensos para o dia seguinte, mas a minha tia tratou de o fazer (num hospital) neste dia, só para prevenir. Não havia problema nenhum, mas ficaram já os pensos tratados. Durante a mudança dos pensos pude ver pela primeira vez o meu peito nu. Ainda estava um bocado pisado e com os pontos à vista, mas estava (dentro do possível com o inchaço espectável nesta fase) liso. Não consigo descrever o que é ver finalmente o meu peito liso. Todo o desconforto e complicações dos últimos dias subitamente ficaram totalmente justificados. Senti que, se tivesse de passar pelo mesmo outra vez, fa-lo-ia sem pensar duas vezes. 

6 dias post-op (hoje)
Hoje já me sinto bem o suficiente para vir escrever textos longos no PC, como se pode ver aqui. Já ando à vontade, subo e desço escadas, como, vou à casa de banho, lavo-me tudo sozinho. Ainda não recuperei a mobilidade nos braços, mas aos poucos vou ganhando cada vez mais. Tudo o que faço ainda faço de forma lenta e cuidada, mas já não me sinto preso nem completamente dependente de terceiros. Também deixei hoje de tomar os analgésicos durante o dia, não sinto qualquer dor (exceto uma ocasional dor pequena quando me distraio e faço algum movimento que ainda não consigo bem fazer) e o desconforto é cada vez menor. Só tomo analgésicos antes de me ir deitar porque é a única forma de conseguir lidar com as dores de costas.

Ainda não tenho fotografias de resultados porque ainda ando com o colete de compressão (tenho ordens da médica para o manter vestido 24h por dia) e mesmo por baixo dele só se vêem pensos.

6 dias post-op, com o colete de compressão

Agora que consigo escrever e estar confortável em frente a um PC, vou tentar atualizar o blog com mais updates sobre a recuperação da cirurgia ao longo das próximas semanas. 

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Mastectomia, nope =(

Só me apercebi agora que não cheguei a fazer um follow-up da consulta de cirurgia que tive na semana passada. A consulta não deu em nada, uma vez que o médico exigiu que eu tivesse o aval da ordem dos médicos para avançar para qualquer cirurgia. Não estava nada à espera que acontecesse isto, uma vez que pensava que essa autorização só era necessário nos casos das cirurgias genitais... enfim, fiquei um tanto devastado. Desde esse dia que parece que a minha disforia disparou para níveis absurdos, sinto que não consigo viver comigo mesmo. Eu só gostava de conseguir poder sentir-me bem dentro da minha própria pele, mas não me deixam...

Mas adiante. Já estou a tentar reunir a papelada que preciso para enviar para a OM, mas temo que tal ainda vá demorar imenso tempo =/ Apesar de já ter as duas avaliações concluídas, ainda só tenho na minha pose um dos relatórios (recebi-o hoje!), e não estou a conseguir entrar em contacto com a equipa que me fez a segunda avaliação...

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Primeiros passos para a mastectomia! =D + 5 meses em T

Este update não será apenas sobre as mudanças da terapia hormonal, mas é sobre algo também importante na transição. Tenho marcada uma consulta com um cirurgião para começar a tratar de tudo para avançar para a mastectomia. Para já ainda não tenho muitas informações, mas na próxima segunda-feira vou poder esclarecer o monte de dúvidas que tenho e, se tudo correr bem, começar a preparar-me para a cirurgia. 


Em relação à testosterona, as mudanças continuam a andar em frente.

Na semana passada a minha mãe ofereceu-me uma lâmina de barbear. Aparentemente, o meu pseudo-bigode ridículo está a ficar visível para as outras pessoas. Comecei a notar também em mais pêlos debaixo do queixo - pêlos claros e fininhos, mas que não existiam antes. Os que me aparecem no lado da cara também parecem estar a aumentar lentamente, e crescem mais rapidamente. Também começo a notar mais pêlo nas pernas, principalmente nas coxas. 

O acne continua a atacar, principalmente nos ombros e costas. Sinto a pele mais oleosa, e o suor mais intenso (tive de comprar um desodorizante mais forte para controlar isso). 

A minha estrutura corporal começa a mudar de forma mais óbvia, tanto para mim como para os outros. Já tenho menos curvas no tronco, as ancas nem vê-las (nunca tive muito, mas mesmo assim), o peito tem menos volume e os músculos têm mais (principalmente na zona dos ombros). Começo a conseguir olhar-me ao espelho e... ver-me. O meu corpo já não me parece tão alienígena. É uma sensação boa. 

sábado, 18 de abril de 2015

Consulta + Mais injeções!

Ontem tive uma consulta com o meu endocrilonogista para ver os resultados das análises (que fiz mais cedo este mês) e ver se estava tudo bem. Os resultados ainda vieram com os valores de referência femininos, mas se tudo correr bem da próxima tal já não acontece... de qualquer forma, pelos vistos o meu colesterol aumentou significativamente, mas não para níveis preocupantes para já. De resto, parece estar tudo no sítio e o médico decidiu diminuir o intervalo entre as injeções. Estou agora a fazer uma injeção (1mL Testoviron) a cada 3 semanas (em vez de 4 semanas, como tinha feito até agora). 

Mais injeções, yay! (not)

sábado, 11 de abril de 2015

Novos hábitos

Há uns dias a minha namorada apontou-me o facto de eu passar muitas vezes os dedos pela cara. É um gesto que eu comecei a fazer para ir sentindo os pêlos faciais que me iam surgindo, mas pelos vistos agora faço-o de forma inconsciente. Gosto de fazê-lo porque, mesmo sendo quase invisíveis, os pêlos vão dando uma textura engraçada à minha cara (e é bom sentir que estão ali, e estão a aumentar com o tempo). 

Hoje decidi voltar a retirar os pêlos e, quando voltei a cair no hábito de passar a mão pela cara... não havia lá nada. Pois, duh, eu rapei-os. Mas sinto que fazem lá falta, fiquei um bocado desapontado por sentir a pele "lisa". Lá terei de esperar mais umas duas semanas para me voltarem a aparecer...

sexta-feira, 10 de abril de 2015

4 meses e uns dias

A melhor forma de ver que estamos a fazer progressos com a terapia hormonal é desaparecer durante duas semanas e, ao voltar, ver as reações das pessoas. Isso tem-me acontecido ultimamente, uma vez que tenho visto pessoas com quem já não estava há algum tempo. Tive uma amiga a passar-se ao telefone quando ouviu a minha voz e mais umas quantas a perguntar se me inscrevi no ginásio. Também comecei a reparar que a minha voz fica esganiçada quando tento falar mais alto (gritar para chamar alguém na rua, por exemplo) - ainda não sei bem como usar a voz que tenho agora, nem sei se vale a pena explorar já isso, tendo em conta que ela ainda deve mudar mais no futuro. 

No último mês e meio a minha voz decidiu começar a baixar de forma bastante percetível, o que é ótimo porque a voz era das coisas que mais me causava transtorno. Agora não sei se vai continuar a baixar da forma que baixou nas últimas semanas ou se vai estabilizar um bocado aqui (para depois voltar a mudar daqui a uns tempos?).

De resto... O acne tem atacado um bocado mais que o costume, mas por agora fica-se mais pela zona dos ombros e costas do que na cara. Os pelos corporais continuam a aumentar, lentamente. E por agora é tudo.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Suar como um homem?

Coisa boa da testosterona: melhoria significativa da performance quando faço exercício físico
Coisa menos boa da testosterona: pioria significativa do cheiro no final do exercício físico

O meu suor nunca cheirou a rosas, mas nunca me tinha repudiado antes. Agora às vezes apanho-me a ter nojo do meu próprio fedor depois de suar. Aconteceu de uma forma um bocado repentina: estava tudo normal até que, há cerca de duas semanas atrás, comecei a reparar que o meu suor tem um cheiro bem mais intenso do que o habitual. 

Até tenho medo do verão...

sexta-feira, 6 de março de 2015

Coisas que me dizem

Coisas que me têm dito e que me fazem aperceber que as mudanças devem ser mais evidentes do que eu penso:

"a tua voz está estranha"
"estás constipado? Estás com voz de constipado"
"tens andado a fazer musculação?"
"pareces mais... quadrado" (???)
"tens uma borbulha enorme na cara!" (eu sei, obrigado por me relembrares -.-')
"já tens fome outra vez? Ainda agora comeste"

sábado, 28 de fevereiro de 2015

3 meses

Hoje assinala os meus 3 meses em T. Não há nada de especial a reportar desde o meu último post (que foi apenas há duas semanas atrás), mas vou deixar-vos com uma imagem rara (rara porque é difícil apanha-los em fotografia, porque são pequeninos) dos tais 'bigodes de gato' ridículos que tenho a aparecer no topo do lábio:


Mister Moustache 2015
Mister Moustache 2015
Portanto aí está. Eu não estava a brincar quando dizia que era ridículo. Há mulheres com mais buço do que isso, mas não quero saber. Em comparação com o que tinha antes (nada, zero, nunca na minha vida tive sequer de "tirar o buço" porque nunca havia nada para tirar) isto já é um progresso notável.

Agora com licença, vou rapar esta amostra triste de pêlo facial da cara antes que fique ainda mais estranho. 

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

2 meses + 20 dias

Este blog já não é atualizado há demasiado tempo. Eu queria ter feito um update de "2 meses em T", mas entretanto com o trabalho para a faculdade e outras coisas o tempo foi passando e a data passou-me ao lado. Talvez seja melhor eu ir fazendo updates menos espaçados de forma a não me esquecer tão facilmente das datas em que, em teoria, teria de atualizar o blog; e também para ir mantendo um registo mais exato das coisas que vão acontecendo.

Mas adiante. 

Já estou quase três meses em T. Durante o último mês comecei a notar algumas diferenças no que toca a pêlo corporal e facial. Reparei em pêlos na barriga da perna e na barriga (mesmo barriga) onde antes não existiam (ou, se existiam, eram invisíveis e agora estão mais escuros e grossos). A maioria desta nova penugem não se vê (só se se puserem a olhar bem de perto), com exceção de uma pequena área no abdómen, abaixo do umbigo. 

Em relação ao pêlo facial, a coisa estranha que tinha acima do lábio continua estranha. Já percebi que tenho de rapar esse pêlo, no mínimo, de duas em duas semanas, senão começa a ser demasiado óbvio que tenho um pseudo-mini-bigode nas pontas dos lábios. Não planeio deixa-lo crescer até conseguir crescer uma barba mais a sério sem parecer ridículo. Entretanto, notei em mais algum pêlo a entrar de lado e alguns a aparecer no queixo (mas esses estou a deixar crescer, ainda são poucos e não se notam, quero ver quanto tempo é que consigo cresce-los até se tornarem visíveis). 

Uma coisa bastante boa que tenho notado é que a energia "extra" que sentia quando comecei a terapia hormonal ainda cá está. Quando comecei tinha algum medo que isso fosse só efeito do entusiasmo ou algo passageiro, mas ainda sinto que tenho bem mais energia para fazer esforço físico. Relacionado com isso está também o que me parece ser um melhoramento na minha performance física. Este aumento de energia permite-me puxar mais pelo meu corpo - correr mais longe, durante mais tempo, fazer mais repetições, com mais carga. Há alguns meses atrás decidi começar a correr - é uma coisa que sempre gostei de fazer mas nunca tinha tentado fazê-lo mais "a sério". No entanto, começou o frio e a chuva, ou seja, condições nada convidativas a sair de casa (decidir começar a correr no início do inverno não foi das minhas melhores ideias). A última corrida que tinha feito foi em setembro do ano passado e tinham sido 2.21Km durante 15 mins. Hoje aproveitei o bom tempo e peguei de novo nisto e, quando dei por ela, tinha feito 6Km em 34 mins; ainda fui verificar no google maps as distâncias que tinha percorrido para ver se não tinha sido um erro do telemóvel (o GPS às vezes prega-me partidas), mas lá estavam, 6Km. Não consigo arranjar outra explicação, além da testosterona, para um aumento de performance tão alto, tendo em conta que estive uns 4 meses sem fazer nenhum treino de cardio.

Por agora é tudo. Vou ver se não deixo passar tanto tempo entre updates no futuro!